sábado, 6 de fevereiro de 2010

Poeminha pra quem tem boca seca;

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Tua secura de boca madrugal,
faz todo o ambiente mais legal.
Se seca com águinha
e hidrata sua pelinha.
Se o que temes é a lagartixa,
o que amo é a Thaísca;

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Detalhes

São pequenos os detalhes.
Quero dizer, os pequenos muitos detalhes.
Tenho a ânsia do mundo presa à traquéia
e os olhos livres para as montanhas quentes do Sul.
Meu corpo está armado à ferro e à fogo
e minha alma anda nua como uma puta pela casa.
Tenho pressa do desconhecido, verdade.
E já não me importo com o que me preocupa.
Se quiserem me matar amanhã, não matem.
Que matem-me hoje, logo.
Já não tenho horas pra jogar ao tempo.
O espírito urge pelo novo.
Todos veem e todos não sabem.
Quero dizer, são pequenos os detalhes.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Súplica

Era madrugada sólida quando
Escorreguei pelos teus olhos
E caí,
como caem as luzes,
No teu rosto de fogo.
Tendo eu toda calma dos amantes,
Te levei aos vales de prata
Por onde corriam três rios de lava
E adormeciam sete luas cheias.
Eu gritei teu nome pelos salões de ouro e pó,
E quantos, tantos, mil arcanjos tremeram ao som
Da minha voz rouca e muda.
Eu chamei.
E, como vem o ar para os pulmões,
Tu viestes.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Saudade;




Encontrarás talvez, quando tentardes recordar de mim, o nada.
Sentirás somente a estranheza da evasão.
Irão primeiro,
as expressões,
as manias,
as cismas.
Depois esquecerás,
o som das gargalhadas,
o cheiro suspenso no ar,
os gestos previsíveis,
O tempo virá - acredite! - e levará consigo, lentamente,
os traços fortes do rosto,
a eloqüência da voz,
datas, aniversários, a certeza do nome
e a ternura dos meus olhos apaixonados pelos teus.

De nada poderás recordar, é verdade, pois há de ser assim.
No entanto, receberás por todos os dias a visita mais doída:
Terás tão somente saudade.
E gritarás por dentro, sem som algum.

Bizza.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Uns dizem que eu não sinto o que escrevo.
Alguns dizem que não escrevo aquilo que sinto.
Outros vão além: Dizem que não sei escrever como se deveria saber escrever.
Ora, estou cansado da exatidão do pensamento!
Se escrevo como um louco ou um doente ou um amante ou uma puta ou um velho,
É porque não quero ter que explicar aquilo que não se deve explicar: A alma é inexprimível.

E que vá pro diabo aquele que não tiver uma alma!


Bizza.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A praça.


Era ele e o banco.
Ele e os pombos.
O vento mais ele.
A dor dissonante.

Era ele e as nuvens.
Ele e os casais.
As folhas mais ele.
A tristeza errante.

Era ele e as cartas.
Ele e o caminho de terra.
A chuva mais próxima.
O desespero certeiro.

Era ele, só ele.
Ele bem velho.
A vida menos ele.
Sua vida sem ele.Ele sem vida.


Bizza
Pulmões inflados de surrealismo concreto.
Em dias como esse é difícil não ouvir o som das cores na rua.
Me chama, insiste e me pede.
Hesito, torço o nariz e acabo dizendo sim.
Como não sorrir com você tão perto de mim?
Pulmões inflados da brisa leve.
Compassados num só ritmo há muito esquecido
:A incompreensível passagem da paz pela carne.
A leveza instalada no músculo responsável;


Bizza.